Geração Coca-Cola - Legião Urbana



   Em Geração Coca Cola, Renato Russo faz um protesto demonstrando sua indignação com o capitalismo e o pensamento da população em meio ao contexto histórico em forma de música. O autor trabalha com construções bem fundamentadas historicamente e que seguem o padrão de revolução trazido pela banda de rock dos anos 80.

    Logo na primeira estrofe, pode-se observar a imposição do sistema: Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados dos U.S.A., de nove às seis. Baseando-se no contexto histórico, por volta de 1970, alguns anos após o fim da Segunda Guerra Mundial - período que marcou de forma política, econômica e social todo o mundo - pode-se analisar os EUA (U.S.A. do inglês) como a nação capitalista do momento. O fato de serem programados a receber o que eles empurraram faz alusão ao domínio imperialista trazido pela indústria norte americana, representada pelo símbolo clássico: seus enlatados.

   O trecho de nove às seis pode passar despercebido, mas demonstra as influências até mesmo culturais impostas pelo capitalismo na visão do autor. Nove às seis era e atualmente ainda é o horário de menor audiência nas emissoras de televisão, tal fato torna a produção de conteúdo nacional relativamente cara. Isso é contornado com a compra de direitos e transmissão de seriados provenientes dos Estados Unidos, claramente uma solução mais barata, mas não menos manipuladora.
  
   Depois de explicitar mais indignação com o sistema, avança-se à seguinte estrofe: Somos os filhos da revolução, Somos burgueses sem religião, Somos o futuro da nação, Geração Coca Cola, que é repleto de referências a questões políticas e sociais. Filhos da revolução é a representação de que os jovens do período muitas vezes eram filhos de manifestantes ou cidadãos insatisfeitos com a situação política nacional. Este último fato vem a ser confirmado em um dos trechos seguintes: Depois de 20 anos na escola não é difícil aprender todas as manhas do seu jogo sujo, não é assim que tem que ser... Tendo em vista que aproximadamente vinte anos apriorísticos do momento, vivia-se uma época de ditadura e opressão política em território brasileiro.
  
    A ideia de dar a volta por cima pode ser pensada no final da música, Vamos fazer nosso dever de casa, e aí, então, vocês vão ver suas crianças derrubando reis, fazer comédia no cinema com as suas leis. No qual pode-se observar uma pequena ideia de submissão ao sistema, inclusa em vamos fazer nosso dever de casa. Pode-se ainda ser interpretado como mais um disfarce de uma futura revolução que deve ser mantida em segredo - pensa-se em encerrar os domínios - que poderiam chegar a ser hierárquicos? Já que utiliza-se do termo Reis- impostos à realidade e posteriormente comemorar as conquistas obtidas.

  Nesse sentido, é uma excelente música para quem anda interessado no passado histórico e na revolta da população brasileira de algumas décadas atrás. Uma música que apesar de não muito longa, promove reflexões profundas em relação a seus significados. A análise dos fatos apresentados encaixa-se tranquilamente no mundo atual em meio ao funcionamento da sociedade e da idolatria de nações, advindas de fatores majoritariamente econômicos e que obtêm ênfase da mídia.


RUSSO, Renato. Geração Coca-Cola. Legião Urbana. Rock. Brasília 1985.
Gustavo Gomes 3ºA

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